No-code: uma ponte no abismo do mundo financeiro

11 de maio de 2023
10 minutos de leitura
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A evolução tecnológica é, no mínimo, paradoxal. Quanto mais a tecnologia avança, mais ela se faz necessária para solucionar os problemas encontrados. E isso precisa acontecer cada vez mais rápido.

Os setores financeiros das empresas estão tendo que lidar com o verdadeiro caos. Afinal, além de todos os desafios inerentes ao próprio conhecimento financeiro, a vastidão de dados também se tornou um problema. 

Isso porque o volume de dados financeiros cresce descontroladamente e com mudanças progressivamente mais rápidas — sejam elas por fatores operacionais, competitivos ou estratégicos.

O que antes era resolvido com a construção de sistemas computacionais customizados ou com a contratação de profissionais de TI, hoje já não pode mais ser tratado da mesma forma. 

Isso acontece porque o próprio mundo da computação tem sofrido uma imensa dificuldade na contratação ou na formação de profissionais. O que já era caro, está ainda mais caro e outros caminhos precisam ser escolhidos.

Dessa forma, novas soluções se fazem necessárias no mercado, e o no-code chegou para ser uma delas. Continue no artigo para entender o que é, o que impacta e os benefícios dessa tecnologia para os times financeiros!

O abismo do caos no mundo financeiro

As áreas financeiras de grandes empresas precisam lidar constantemente com uma infinidade de dados oriundos de inúmeras fontes. Isso tudo numa crescente desenfreada.

De acordo com uma pesquisa realizada pela FSN, estima-se que o volume de dados está crescendo pelo menos 63% ao mês. Ademais, acredita-se que há uma média de 400 fontes de dados financeiros em uma companhia de médio/grande porte hoje — com um crescimento de 27% ao ano.

Também é preciso entender que o Excel ainda reina como principal ferramenta de apoio a analistas e gestores financeiros. Porém, mesmo sendo uma ferramenta útil e flexível, suas limitações em termos de integração e dificuldade de gestão só complicam o cenário.

As tomadas de decisão sobre um volume imenso de dados, muitas vezes despadronizados e poluídos, têm impulsionado a onda da ciência de dados. Ciência essa que requer uma vastidão de conhecimentos sobre linguagens de programação — como Python, R ou SQL — e em estatística e outras áreas mais.

A criação de sistemas computacionais sob-medida tem sido a forma encontrada para tentar processualizar todo o trabalho de análise. Afinal, sem o apoio computacional bem aplicado, ele se torna praticamente impossível de ser feito. Visto que tais áreas precisam respeitar ciclos recorrentes curtos e complexos, envolvendo várias pessoas de dentro e fora da organização. 

Com tais medidas, inevitavelmente, a área financeira se torna refém da TI e o custo de sustentação do que se cria acaba decolando para o espaço. Ainda mais considerando o cenário de escassez de mão de obra qualificada para tal atuação.

A ponte: como o no-code atua?

A própria ciência da computação tem buscado novas formas de resolver uma dificuldade antiga: o fato de que o número de programadores diminui progressivamente em relação ao número de computadores a cada dia. A saída para esse problema tem sido pensar em soluções computacionais que não dependam de programadores.

Nesse contexto, soluções low-code e no-code ganham cada vez mais força.

O conceito no-code tem sido uma diretriz importante na maneira como as soluções são criadas e gerenciadas. Assim como a evolução nos processos de engenharia de software levou à adoção de metodologias ágeis, plataformas no-code mudam a maneira como as empresas pensam em criações e gerenciamento de soluções de negócios.

Na prática, plataformas no-code permitem que os usuários criem soluções personalizadas sem depender de desenvolvedores especializados. O que significa que elas podem responder rapidamente às mudanças nas necessidades do negócio. 

Além disso, elas permitem aos usuários se concentrarem na análise e interpretação de dados, ao invés de se preocuparem com conhecimentos em codificação. Tais como linguagens de programação ou técnicas de manipulação de dados. 

Ao democratizar o processo de criação de soluções, plataformas no-code estão permitindo que as empresas sejam mais ágeis e flexíveis — o que pode ser crucial em um ambiente de negócios cada vez mais desafiador e em constante mudança.

Para analistas e gestores financeiros que precisam tomar decisões rápidas e baseadas em dados para manter seus negócios funcionando de forma eficiente, o empoderamento através de recursos como os conceitos no-code são importantes e apresentam-se como a ponte no abismo do caos.

No-code nos detalhes

Evolução de paradigmas computacionais

Alguns paradigmas computacionais foram criados com o intuito de simplificar a própria criação de sistemas computacionais. Um dos mais belos e famosos é a Programação Orientada a Objetos. Alan Kay, um renomado cientista da computação e um dos criadores da linguagem de programação Smalltalk, disse que: “antes da POO, você precisava pensar como um computador para programá-lo. Com a POO, você pode pensar como um ser humano”. 

Apesar da POO não se tratar de um conceito no-code — uma vez que ela se aplica a linguagens de programação — ela foi uma grande mudança de paradigma nessa direção e que permitiu a simplificação e a evolução de outros conceitos fundamentais rumo ao no-code.

Ferramentas gráficas

Um importante marco no mundo da computação, intimamente ligado à POO, se deu com a evolução das interfaces gráficas de usuário (GUIs). 

Consequentemente, foi a vez das ferramentas gráficas Tais ferramentas fornecem uma interface visual intuitiva para a criação de aplicativos e sistemas sem a necessidade de escrever código. 

Além disso, elas também permitem que pessoas sem habilidades técnicas aprofundadas possam criar soluções personalizadas para suas necessidades específicas — o que aumenta a acessibilidade e a democratização do desenvolvimento de software.

 

Drag-and-drop

Outro conceito que tem sido fundamental para a evolução das ferramentas no-code é o drag-and-drop. Ele permite que os usuários criem soluções através de interfaces visuais intuitivas, simplesmente arrastando e soltando elementos na tela.

Com o drag-and-drop, as pessoas podem facilmente criar fluxogramas e outras estruturas complexas sem a necessidade de escrever código. Ele também ajuda a reduzir o tempo gasto na criação da solução, uma vez que os usuários podem facilmente mover e modificar elementos em tempo real, sem a necessidade de digitar código para cada pequena mudança. 

Além disso, o drag-and-drop permite que os usuários tenham uma melhor compreensão da estrutura e funcionamento daquilo que foi criado. A estrutura visual permite construir e manipular os elementos da solução, o que ajuda na identificação de erros e a fazer melhorias com mais facilidade.

plataforma Dattos, por exemplo, utiliza o conceito de drag-and-drop para a criação de fluxos de preparação de dados. Nela, os elementos utilizados no processamento dos dados são conectados entre si, de forma simples e facilmente compreensível.

Neste vídeo, veja um exemplo de como funciona a plataforma Dattos na prática!

WYSIWYG

Um outro conceito importante é o WYSIWYG, (acrônimo de “What You See Is What You Get” ou “O que você vê é o que você obtém”, em português). 

Esse conceito tem uma forte relação com as ferramentas no-code, uma vez que ele permite que os usuários visualizem e editem o conteúdo diretamente na interface do aplicativo. Ou seja, de forma semelhante ao que seria visto no resultado final, mas sem a necessidade de digitar ou manipular código manualmente. Isso torna o processo de criação de conteúdo mais fácil, rápido e intuitivo, especialmente para pessoas sem experiência técnica em programação.

Na plataforma Dattos, o conceito WYSIWYG é utilizado como base na configuração dos componentes das preparações de dados. Isto é, sempre que o usuário realiza alguma alteração, automaticamente a plataforma apresenta o resultado obtido em tempo real. O que facilita qualquer ajuste necessário sobre a informação observada.

Inteligência artificial no no-code

Por fim, mas não menos importante, a inteligência artificial (IA) tem contribuído significativamente para o desenvolvimento de ferramentas no-code — especialmente através da detecção de padrões e da tomada de decisão sobre esses padrões identificados.

Além disso, a IA também tem sido usada para criar assistentes virtuais, chatbots e outras ferramentas de interação com o usuário. Ademais, elas funcionam através do processamento de linguagem natural (NLP) e de modelos generativos pré-treinados, como é o caso do ChatGPT.

Outra maneira como a IA tem contribuído para o no-code é na própria análise de dados. Tal análise pode ajudar as pessoas a identificar insights importantes em grandes conjuntos de dados. Também sem a necessidade de conhecimentos técnicos avançados em análise de dados ou programação.

A Dattos já tem trabalhado em estudos avançados de aplicação da IA em várias frentes. Elas incluem:

  • Inferência de componentes mais apropriados durante a criação de um fluxo de tratamento de dados;
  • Sugestão de modelos de análise baseado nos cenários já adotados pelo usuário; 
  • E a criação de análises de dados que fornecerão importantes insights ao usuário.

Cruzando a ponte: poucos conseguirão estar do outro lado

A adoção de uma nova plataforma nunca é uma tarefa fácil, pois envolve mudanças processuais e até mesmo de mindset. 

Entretanto, num cenário complexo e dinâmico, apoiar-se em soluções consolidadas é sem dúvida uma alternativa melhor do que depender de outras áreas — ou simplesmente aceitar que nada pode ser feito.

Fatores como velocidade, facilidade de uso e a flexibilidade são tão importantes para o negócio quanto a meta que se deseja alcançar. E uma das chaves do empoderamento do analista e do gestor financeiro é com certeza a utilização de uma plataforma no-code.

Ironicamente, o empoderamento é por vezes evitado, pois ele desafia o empoderado a ir além de seus limites, mas como diz o ditado: “quem tem medo de atravessar a ponte, nunca chegará ao outro lado!”

Bruno Costa é um profissional experiente em Finanças, com mais de uma década de atuação, graduado em Ciências Contábeis e pós-graduado em Normas Internacionais de Contabilidade. Destacou-se por liderar equipes de alto desempenho, focando na otimização de processos financeiros e alinhando objetivos organizacionais com metas individuais. Sua dedicação à educação financeira se estende à comunidade, tornando-o um líder admirado no setor.

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